quarta-feira, 30 de maio de 2007

Aquela mulher me deixava louco

Aquela mulher me deixava louco. Muito louco.
Tinha olhar verde, cabelos vermelhos.
Cabelos vermelhos é a melhor coisa que a mulher pode vesitr.
Cabelos vermelhos e pinta perto da boca.
No cantinho.
Outra noite vi uma minisaia de cabelos loiros. Meia preta.
A mulher era impressionante
Rocknroll. Beatles Forevis. Geni.
Ela dançando. Rocknroll. A marca da calcinha.
A mulher ruiva, com pintinhas. Sardas.
Olhos verdes. Quadris brancos. Lábios vermelhos.
Vivos.
Lábios vermelhos.
A japonesa. Vestia echarpe. . . seda.
A rainha da sumirê.
He he
Uma gracinha. Hebe Camargo. Total Hebe.
Lapa.
rs

terça-feira, 29 de maio de 2007

Batalha

Batalha
Quando eu era mais moleque eu viva vendo os mais velhos e sentindo uma enorme inveja da segurança que eles me transmitiam. Meu pai, o Julião, meu tio Severo, tio Vicente - o General. Eles eram muito tranqüilos. Parecia que nada lhes atingia. Eles transmitiam uma força incrível. Meu pai ainda transmite.
Sempre acreditei que quando eu fosse adulto como eles teria a mesma força, a mesma segurança.
Hoje o pai, o tiozão sou eu. E parece que o tempo me deixou na mão. A segurança não veio. A razão não veio. A tranqüilidade muito menos.
Pior. Algumas pessoas, geralmente mais novas, vêem em mim o mesmo senhor seguro, tranqüilo, que eu via. Aí uma boa explicação para a palavra dicotomia.
E eu ainda ando procurando, nem sempre nos locais mais indicados, mas sempre buscando.
Outro dia fiquei lendo o material que os líderes da invasão da reitoria da USP distribuíram aos alunos. Tinha um belo poema do Brecht.
Eles também fizeram um panfleto para preparar os alunos para quando o choque for fazer a reintegração de posse. Eu fiquei muito assustado com quanto a luta com o choque tem a ver com nossa vidas, apesar dos nossos 40 aninhos:
“ Hermano, o que você NÃO DEVE FAZER quando a repressão chegar:
- Jamais fique sozinha(O);

Eu também odeio a solidão.
- Não pegue as bombas nas mãos, mesmo as de gás, pois elas queimam;
Fujo das bombas, até das chocolate, como o diabo foge da cruz. Apesar de não conhecer o diabo.
- Se for atingido por spray de pimenta ou de gás lacrimogêneo, não esfregue, principalmente os olhos, pois isso só fará piorar;
Outro dia fui atingido por um spray de perfume e estou atrapalhado até hoje...
- Não jogue água diretamente nos olhos, e sim vire a cabeça lentamente, deixando a água escorrer do olho para fora, sem esfregá-lo;
Lentamente, eis o segredo...
O que você DEVE fazer quando a repressão chegar:
- Mantenha sempre a CALMA. Não tome atitudes individuais, procure a comissão de segurança;

Procure a comissão de segurança. Eu quero o meu pai, eu quero o tio Severo...
- Retire suas lentes de contato, os gases - lacrimogêneo e spry de pimenta – se impregnam nelas;
O perfumes impregnam a alma...
- Mantenha um pano com vinagre sempre úmido tampando boca a nariz;
Vinagre é sempre bom. Outro dia vi o Saramago dizendo que se curou com doses de vinagre...
- Em caso de ferimentos, estanque a ferida com um pano limpo e procure a comissão de segurança.
Estancar as feridas e procurar a comissão de segurança!
Estancar as feridas e procurar a comissão de segurança!
Estancar as feridas e procurar a comissão de segurança!

Batalha repercute

“Coisas dos amigos dos meus amigos!!!!!!”


"Coisas dos meus amigos..."


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Madalena disse...

Oi primo,muito bom esse teu texto. E muito preciosa essa lista de conselhos - deixar a água correr lentamente, tirar as lentes com a caca impregnada, não pegar as bombas com as mãos desprotegidas... e não esquecer da comissão de segurança, seja ela qual for.
Gostei tanto que passei pra uma galera,
rs.
Aliás, já que vc virou habituée deste espaço bacana, vou linká-lo ao meu blog também. :)
Bjos!
Ju

A Juliana é das melhores coisas que já aconteceram na minha vida. Eu vi o dia que ela nasceu. A vi menininha carinhosa.
Na adoslecencia, como era de se esperar eu pouco vi.
Agora ela virou jornalista, brilhante.
Minha priminha, por quem tenho enorrrrrme carinho.
Dia destes ela brilhava no CB BAR.


Pio Viscontte Redondo disse...
(Variação sobre o mesmo tema)

Julião, meu amigo, às vezes a esperança pede ajuda...

Lembrança vaga e marcante, daquelas que grudam em você
pelo cheiro, à força, pela emoção maltratada...
éramos todos jovens e dispensamos quem segurasse a mão,
com a mão de ferro
e os mais velhos tinham perdido a coragem.


A PUC de São Paulo, em frente da universidade,
ao lado de uma pequena ladeira que dava acesso aos fundos
eu ali, sentado ao lado da Virgínia,
sentada ao lado de outros muitos, mais de 700 estudantes

Expressar um direito, buscar um divisor de água, a briga da liberdade, simples, e por educação gratuita de qualidade

E naquele tempo, a universidade pública não estava tão sucateada,
a USP era patrimônio do pensamento, sinônimo de competência, o talento, dom realizado, como qualquer um ( e melhor pra todos) deveria saber o gosto

A gente ali, 18, 20 anos, não conhecia, ainda, o peso truculência...

Quando você olha para trás, para entender a gritaria, vê lá
os cacetetes batendo forte nos escudos, a roupa escura intimidando,
sem rosto, a fúria analfabeta em linha, ignorante, traiçoeira ,
ao comando de um Dart Vader qualquer do espírito pobre

As bombas de gás fumegantes, às dezenas, no meio da estudantada desprevenida.
Não tinha manual, autodefesa,nem preparo que desse conta da ira organizada
- a histeria institucional da ditadura militar.

700 presos na PUC cercada, feridos, como a Virginia, queimada na perna pela bomba de gás,
uma fileira de ônibus conduzindo pra cadeia...

Ficou pior pra eles, os generais e os coronéis - um tal de Erasmo -aquela truculência bárbara contra
o ato pacífico, em defesa da educação e da liberdade.

As coisas parecem que caminharam assim, confusas, no meio da liberdade aparente...
a USP sucateada, as federais também, escolas particulares desqualificadas com o nome de universidade, estudantes com manual para apanhar menos do choque, e um troglodita plantão, sempre...em algum lugar no meio da alma mal cuidada. Que mau.

E a gente, pensando na insegurança,
na mão de alguém que nos...
5:22 PM
Mauricio Adachi disse...

É auto-biográfico? Meio "bukowskiano". O tipo de texto que eu aprecio. Vou visitar de vez em quando...

5:28 PM

Os Maurícios são meus alunos mais apatralhados. Mas eles fizeram um vídeo - ... quem desce ... que é das melhores produções deste ano em São Paulo.
O vídeo é de uma atualidade impressionante. Nada mais 2007.
E o Maurício sobrenome é de uma generosidade emocionante.


(sem assunto) Caixa de entrada

Julio Moreira
Batalha Esta é a minha nova crônica publicada no blog Beco da Gata. Dê uma ol...
16:15 (10 horas atrás)


Mail Delivery Subsystem
This is an automatically generated Delivery Status Notification Delivery to t...
16:16 (10 horas atrás)


MAILER-DAEMON@mailhost.sifuspesp.org.br
Hi. This is the qmail-send program at mailhost.sifuspesp.org.br. I'm afraid I...
16:15 (10 horas atrás)


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flavio
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19:25 (7 horas atrás)



E AHÊ, Julião!!

Mandando bala, hein?

Do seu texto eu só tenho uma observação:

ESSES CARAS PULAM DE CABEÇA EM PISCINA VAZIA, PÔ!!!

Na vida, como vc relacionacom o fato, precisa mergulhar de cabeça, mas em piscina cheia. Se tiver vazia, faz acordo pra encher.

Se não, não dá.

Se não der acordo, espera a chuva enche-la.

E, como regra de jogo é regra de jogo ( e a regra da vida não se quebra, pois não dá), o jeito é aprender a nadar. Quanto melhor, melhor.

E torcer para não colocarem um tubarão, daqueles enormes, nem piranha, pois vamos ter que acabar nadando de costas.

Júlio, estou te escrevendo isso pois acredito firmemente nessa filosofia, que norteia minha vida.

Sem dinheiro, mas sem stress.

E, seguindo a masturbação dessa filosofia que sempre sigo, tal qual mariposa à luz, resumo minhas atitudes a todo esse conceito.

Ou seja,

NADA!!

Abs,

Flávio, o NADAdor.




Há, há, há ...

Beijos

Julio Moreira!

Caixa de emails

Caixa de Emails

Quantas vezes por dia você abre a caixa de emails para ver se chegou aquele email super importante?
A cada dia que passa as pessoas ficam mais alucinadas com as correspondências digitais: email, msn, skype, orkut, caixa de mensagens do celular...
Não bastasse, tem gente que abre umas três vezes por dia aquele email do provedor velho, que já nem usa mais, só pra ver se algum desavisado mandou alguma coisa.
E a gente se pega fazendo coisas tão tontas. Outro dia eu cheguei tarde da noite e abri o computador. Não é que Carol, que mora em Fortaleza, estava fazendo a mesma coisa, também tinha acabado de chegar de uma balada. Os dois caindo de sono e trocando umas mensagens no msn.
O Sérgio deixa o Outlook ligado o tempo todo e quando chega um email, uma mensagem sonora, com voz de mordomo assassino dos filmes dos anos 50 grita: Séééééérgio você recebeu um email!
Ansiedade. No Houaiss está descrita como substantivo feminino, caracterizado por grande mal-estar físico e psíquico, aflição, agonia, desejo veemente e impaciente, falta de tranqüilidade e receio. E como psicopatologia: com estado afetivo penoso, caracterizado pela expectativa de algum perigo que se revela indeterminado e impreciso e diante do qual o indivíduo se julga indefeso.
Tivesse escrito o verbete hoje, o Houaiss teria que introduzir um parágrafo para descrever esta síndrome digital que estamos criando.
Estamos dedicando cada vez mais espaço para as máquinas dentro de nossas cabeças. A ponto de o computador estar mexendo com o nosso psicológico, com o nosso afetivo.
No momento que utilizamos o computador como meio de chegar às nossas relações profissionais e pessoais ele acaba ocupando um espaço que anos atrás seria considerado, por nós mesmos, um absurdo.
Acho que acaba causando uma confusão mental danada.
Sem contar que muitos de nós passamos a maior parte do tempo trabalhando no computador.
Tenho um amigo, o Daniel, que trabalha com TI e é mágico no photoshop. Quando chego pra falar com ele, a sensação que tenho é que ele está dentro do computador. Como se a cabeça e as mãos estivem dentro da máquina. Ele demora um pouco, questão de segundos, mas demora pra “locar” e conseguir falar com quem o chama do lado fora.
Mas eu não sou contra não.
Escrevo este texto no Word e ao mesmo tempo mando umas fotos para Mari Ângela pelo gmail. Por duas vezes já parei pra ler emails que acabaram de chegar.
Não era nada importante.

Coisas dos amigos dos meus amigos

"Coisas dos meus amigos..."


2 Comentários - Mostrar postagem original Reduzir comentários

JAL disse...

Nós, jornalistas, não temos mais onde escrever nossos textos. A internet veio suprir uma lacuna onde podemos ser nós mesmos sem o filtro de um editor. Por isso já aceitamos o computador como nosso pequeno oratório profissional.
O Júlio sabe usar esse oratório pacas!
Parabéns Julio
Abs
JAL

1:54 PM

Muita gente falou JAL - Japan Air Lines . Acho que o JAL vôa mesmo.

dáda disse...

graaaaaande julito!

cara, o seu texto está impecável.
e por uma puta d´uma coincidência, eu tava pensando extamente sobre este assunto ao receber a mensagem em que vc informa desse novo texto.

bjão saudoso, olavo dáda
corinthians (vulga santos), sp

2:32 PM

Olavo é amigo das antigas, de Santos.Grande músico, grande figura.


li seu texto

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Paulo Maymone

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28 Mai (2 dias atrás)


Pois é, Julião!
Já deveria estar dormindo, pra acordar às seis, mas abri o seu e-mail e, conseqüentemente, fui ao blog da sua amiga para ler o seu novo texto. E não é que ele falava sobre isto, ou melhor, sobre nós e os computadores, e-mails, orkuts e afins que, com certeza, alteram nossa rotina! Valeu, meu camarada!
Um abraço e até breve!
Big.



O Big é o melhor cara que já baixou na minha vida.

Juro!

terça-feira, 1 de maio de 2007

As Horas

Esta semana ganhei de um amigo um relógio que anda para trás. Maluco o relógio. Invenção do Pio Redondo.
Coloquei o relógio na minha mesa de trabalho e fico olhando para ele. Parece que o tempo está de marcha a ré.
Apesar dos ponteiros andarem para trás, o relógio marca o tempo normalmente, apenas os ponteiros andam no sentido inverso.
Parece com o personagem nonagenário de Gabriel Garcia Marques em Memórias de Minhas Putas Tristes. As horas vão passando e o tempo acabando. Todo dia um dia a menos. O tempo vai escorrendo a vida em cada segundo.
O cara perde o sono.
Já reparou que quanto mais velho o camarada menos ele dorme?
E o relógio faz barulho quando o ponteiro de segundos desce do meio-dia até às sete. Aí, volto a pensar no tempo. Olho para o relógio e fico pensando se está indo para trás.
Minha vida.
Eu sou um cara que penso sempre pra frente. Quero fazer terapia de vidas futuras. Nada de vidas passadas.
Ao mesmo tempo, adoro ver os velhos amigos: a Enoeh, o Jorge, o Big. Tenho visto o Luiz Thunderbid. Ele inventou um programa de vídeo na Internet muito legal. Recomendo: www.thundervox.com.br .
O relógio do novo.
O relógio não pára.
O Pio deve estar feliz da vida. A máquina é boa e a engenhoca que ele inventou funciona.
Uma vez uma mineira me perguntou: “Quantas horas?”.
Tic tic tic.

Cantando Coisas de Amor...